domingo, 5 de agosto de 2007
Um...
Um é o pior numero do mundo. Não sei como cheguei a esta conclusão, mas acreditem-se que não tenho duvidas. Se não reparem, o Um é, sem duvida, um numero útil e importante em qualquer sistema numérico, mas por si só não vale quase nada. O Um não tem nada a dizer a ninguém, mas também, pudera, não tem ninguém a quem o dizer. Pode até viver num mundo fantástico, cheio de coisas lindas, espantosas e surpreendentes, mas como não tem outro numero com quem as partilhar nada disso o faz feliz...
Pior que isso, é um numero tão próximo do Zero que chega a ter medo de se transformar nele. E, em muitos casos infelizes é isso mesmo que lhe acontece, quando o Um, á custa de ser sempre Um, se subtrai a si próprio e desaparece.
Mas o Um sabe também que não tem escolha, tem mesmo que ser Um para o resto da sua vida natural. Os outros números não o sabem, mas o Um á custa de ter sido criado como um Um e não um Dois, um Três ou até um Seis, á custa de estar tão próximo do abismo, tem noção de que um Um é a única coisa que pode ser. Quem vê o Zero tem dificuldade em se afastar dele, por isso o Um é aquilo que é, quer queira quer não. Ninguém escolhe ser um Um nem ninguém, realmente, cria um Um, ele nasce e vive para sempre assim...
Daí que eu ache, sinceramente que a matemática é o sistema mais cruel que já se inventou, porque só um sistema muito sádico pode inventar algo como o Um.
Agora façam destas deambulações insanas o que quiserem...
terça-feira, 31 de julho de 2007
De Cavaleiros Andantes e Outros Herois
Depois os tempos mudaram, as pestes passaram a ser outras, a fome foi escondida, e a violência e a intolerância passaram a ser tapadas sob um manto de palavras. O sangue passou a ser algo que aparecia apenas em países distantes e “barbáricos”, que se viam na TV, em ecrãs de plasma que nos separavam do verdadeiro horror. Havia um deus qualquer lá em cima, claro (afinal é preciso um, ou então o que é que vamos fazer ao morrer?) mas não tinha nenhuma opinião a dar sobre o funcionamento das coisas terrenas. Só fanáticos retrógrados e com propensões violentas o temiam. Nós não, as pessoas modernas e sofisticadas não tinham medo de nada, acreditavam na Ciência, que iluminava o escuro com a sua luz néon bruxuleante. O desconhecido era temporário, “haviamos de chegar lá”. Já não eram precisos heróis, esses malvados tiranos que haviam oprimido a humanidade com as suas espadas e noções de “honra” e “valor”, que agora sabíamos serem arbitrárias e relativas. A tecnologia cortava-nos todas as amarras. E os monstros também tinham direito á vida.
Mas os monstros não eram burros, sabiam bem que as luzes néon pareciam iluminar mais que velas, mas, na realidade, acabavam por deixar o mesmo número de recantos escuros. Era aí que eles decidiram habitar. Entretanto, de vez em quando, apareciam nas áreas iluminadas (com óculos de sol, porque para eles não convém ver luz por muito tempo) e convenciam os humanos que como eles tinham sido as vitimas do passado, pobrezinhos, deveriam ser eles agora a orientar (neste tempo ninguém liderava ou conduzia, porque isso eram coisas retrógradas, do tempo das velas) os caminhos do mundo. Também convenceram a humanidade que não havia recantos escuros, havia luz em todo o lado. Isso fez com que qualquer herói que procurasse os monstros tivesse muita dificuldade em encontrar os locais onde se escondiam. Depois todos ficaram a saber que já não eram precisos ideais, sonhos ou, em ultima analise, esperança. Porque o mundo estava todo á vista, naquela fantástica luz néon. Só tínhamos que nos render e fazer o melhor possível com o que tínhamos á mão. Tudo o resto eram ilusões vazias.
Então, armados com espadas velhas e enferrujadas, vestindo armaduras rotas e insuficientes, partiram, cada um deles julgando-se só, para combater os monstros no escuro. Estes não eram os heróis antigos, estavam cheios de dúvidas e as suas velas eram mais fracas, incertas e difíceis de acender. A sua tarefa não era gloriosa, mas dura e pouco recompensada. No entanto estes novos heróis foram na mesma à aventura. Se algum deles foi bem sucedido, no entanto, só o futuro o dirá, porque a historia termina, incompleta, por aqui…"
segunda-feira, 16 de julho de 2007
A Torre Barroca
Nesse momento, surgiu outra rapariga, muito parecida com a primeira, num varandim ligeiramente mais elevado. Tinha sido ela quem raptara a princesa e a levara para ali. Queria vingar-se. No entanto, a princesa não fazia a mínima ideia de quem a sua raptora era, nunca a tinha visto mais gorda. Então, a Senhora da Torre (chamo-a assim para a distinguir) contou a sua história, aquela que não era conhecida de ninguém, aquela que não era uma lenda. Ela vinha de uma linhagem tão importante como a da princesa, tinham ambas a mesma idade, a mesma beleza e o mesmo mérito. Não havia um ponto que as distinguisse. Excepto o acaso. Enquanto a princesa estava a ser resgatada em glória, a Senhora da Torre, toda a sua família e tudo o que tinha, foram “danos colaterais” na violenta guerra que se travou para a salvar, sem nada ter a haver com o assunto. Não havia qualquer registo da sua história porque nela não havia um “final feliz”.
Aqui acordei, felizmente, porque instintivamente sabia que o que a Senhora da Torre queria fazer á princesa não iria ser muito bonito de se ver (provavelmente ia envolver torturas, ferros quentes, e bastantes gritos).
Não sei o que me levou a ter este sonho tão estranho, mas sei que me deixou impressões bastante duradouras. As personagens entranharam-se na minha mente (ou, se calhar, já lá estavam antes, por isso é que as conhecia tão bem) e não sabia o que pensar. Se por um lado as acções vingativas da Senhora da Torre são indefensáveis, por outro compreende-se bastante bem a sua revolta. Claro que a princesa não era, realmente, culpada de nada. Mas a questão mantinha-se, afinal, quem era culpado? Porquê que duas pessoas tão iguais acabaram de formas tão diferentes? E, o mais assustador, é saber que isso pode muito bem acontecer na vida real. Nós, infelizmente, não estamos no controlo. Se calhar nada está. Ás vezes parece que tudo que nos acontece é apenas “porque calha”, sem nada nem ninguém ter em conta quem somos, ou o que merecemos. Isto lembra-me as palavras da Morte, no livro “Reaper Man” de Terry Pratchett, quando falava sobre o Universo: “Não existe justiça, apenas existimos nós.” Muitas vezes temo que isto seja realmente verdade...
segunda-feira, 9 de julho de 2007
A Caminhada
E quase ao mesmo tempo a segunda resposta apareceu quando olhei para o longe. Pequenina, à distância, encavalitada no seu antigo rochedo mesmo sobre o mar, lá estava a capela do Sr. da Pedra. A cada passo que dava ficava mais próximo dela. Podia não parecer, mas ficava. Mais uma vez, se me perguntassem porque queria lá chegar eu não o saberia dizer. A única resposta minimamente próxima da verdade seria “porque decidi que era até lá que ia”. Mais nada.
Continuei a caminhar, e, enquanto o fazia, tudo se mantinha no mesmo sítio, exceptuando eu e o local para onde me dirigia, que iamos ficando cada vez mais próximos.
quinta-feira, 28 de junho de 2007
A fineza da espera
"Fino"? Não sei, a mim parece mais uma falta de educação... mas pode ser só a minha opinião. Estas pessoas da preudo- high society, a meu ver, são todas umas belas noivas... a diferença é que os noivos não pagam para casar, ao contrário das pessoas que recorrem aos advogados. Essas pagam e não pagam nada mal.
Uma conhecida minha despejou, no mês passado, 900 euros para que um solicitador lhe fizesse uns papéis por causa de separação de bens... 900 euros são mais de dois salários mínimos. Mas pronto, está bem, este é um valor absurdo. Digamos 100 euros por um papelinho... para uma família que realmente precise desse papelinho e que tenha dois filhos para sustentar com dois salários mínimos, esses 100 euros poderão ser um grande rombo.
Sei que, provavelmente, estou a falar um pouco de cor, porque não tenho conhecimento das despesas que um advogado tem, mas a verdade é que estes valores me parecem demasiado exagerados. E, tendo em conta que, porta sim porta não, se vêem placas de advogados, não deveriam os seus serviços ser um pouco pior pagos?
Não me parece que isto vá mudar, pelo menos por agora, enquanto houver cães grandes os pequenos são comidos mas, por favor, deixar à espera porque é "fino"?
quarta-feira, 27 de junho de 2007
Caos
Foi quando cheguei a este ponto que dei por mim a pensar "ora bolas Rui, já tens um tema, o caos em que vives." E é verdade, não me atrevo a dizer que sei que o Universo é caótico (embora pense que sim), mas sei que a minha forma de o ver é. Acho que esta é a melhor apresentação que posso fazer de mim. Na minha mente tudo influencia tudo o resto, há poucas certezas, excepto aquelas que escolho ter para não enlouquecer com o dia a dia. Mas também é isto que me faz sentir que a vida vale a pena (e é tão assustadora), o facto de saber que "agora" estou "aqui", mas daqui a muito menos de um segundo sabe Deus (ou não) onde estarei...
Isto é o meu caos...
Polícia e Tribunais
Hoje, porém, os títulos não me chamaram muito a atenção, afinal o que é isto de colocar, em tão nobre secção do JN, notícias dessa gente do futebol???
Vejamos:
"Ministério Público valida três acusações contra Carolina"- futebol
"Valentim nas mãos de enteada de Pôncio" - futebol
As fraquinhas:
"Só uma testemunha reconheceu um dos agressores de Assis" - quem é que quer saber se há UMA testemunha que reconheceru UM dos agressores do Assis em 2003???
"Pistas de Malta e Marrocos quase descartadas pela PJ" - Muito longe...
E agora vêm as boas:
"Assaltantes de multibanco condenados a prisão" - Ah seus gatunos!
"Sem-abrigo luso matou espanhol" - Esta é boa! Com aqueles pormenores mórbidos e tudo!
A vencedora:
"Matou vizinho com tiro de pistola" - Só o título... muito bom, sem sujeito é mais forte! Quem é que matou mesmo? Ah! um tipo lá de... Ordonho!
Um à parte, hoje há, nesta bela secção, uma notícia sobre a minha santa terrinha: Viana do Castelo
"Falso padre desaparece em Viana" - a cereja em cima do bolo!