segunda-feira, 9 de julho de 2007

A Caminhada


Recentemente fiz uma descoberta. Uma daquelas descobertas pequeninas que não têm grande valor, mas que, ao mesmo tempo, nos fazem ver uma ou duas coisas em que nunca pensamos. A minha descoberta começou com uma caminhada. Ultimamente tenho feito muito disso, sem que saiba muito bem porquê. Simplesmente apetece. Ao andar à beira-mar, pelo passadiço, uma pessoa pode tropeçar em coisas interessantes (metafórica e literalmente). A mente divaga enquanto os pés fazem o trabalho todo. Foi numa dessas ocasiões que me veio esta ideia tola à mente: “Bolas, eu caminho, caminho, caminho, mas parece que estou sempre no mesmo sítio.” E era verdade, a paisagem pouco mudava, o mar e a areia estavam sempre à minha direita, a rua, mais ou menos afastada, estava sempre à minha esquerda e o céu, monotonamente azul e claro como só um céu de Verão consegue ser, estava (obviamente) sempre lá em cima. E era tudo. Depois surgiu a pergunta: “Mas se de facto é assim, nada muda, porquê que continuo a andar? Porquê que não paro?” E a resposta surgiu de duas formas diferentes. A primeira, e mais imediata, é que, sem nenhuma boa razão, caminhar sabia mesmo muito, muito bem. Podia não ter sentido, mas mesmo assim valia a pena.
E quase ao mesmo tempo a segunda resposta apareceu quando olhei para o longe. Pequenina, à distância, encavalitada no seu antigo rochedo mesmo sobre o mar, lá estava a capela do Sr. da Pedra. A cada passo que dava ficava mais próximo dela. Podia não parecer, mas ficava. Mais uma vez, se me perguntassem porque queria lá chegar eu não o saberia dizer. A única resposta minimamente próxima da verdade seria “porque decidi que era até lá que ia”. Mais nada.
Continuei a caminhar, e, enquanto o fazia, tudo se mantinha no mesmo sítio, exceptuando eu e o local para onde me dirigia, que iamos ficando cada vez mais próximos.

Foi nessa altura que me apercebi (quase dando uma palmada na testa como quem se esqueceu de fazer o totoloto) de uma coisa que deveria ser bastante óbvia. Aquilo era tudo uma metáfora. Eu estava metido numa metáfora viva. Na vida real, na do dia a dia, nada muda, mas nós temos que continuar a andar. Em parte porque apesar de tudo (do cansaço, das bolhas metafóricas e do tédio ocasional) é bom continuar a viver. Em segundo (e alguns argumentarão que isto é o mais importante embora eu não esteja muito certo disso), porque se não o fizermos aí sim, podemos ter a certeza de que nunca chagaremos onde decidimos chegar. Afinal quando terminamos o caminho podemos ter exactamente o mesmo com que começamos e à nossa volta nada mudou, mas há uma diferença, uma grande diferença, nós mudamos, nós sentimo-nos melhor porque fizemos “A Caminhada”. E isso tem que bastar…

1 comentário:

Anónimo disse...

meu trenguito... ao ler este texto pensei "é mm à rui" (e n pedrozoom!lol)
A verdade... é q se reparares bem... ha smp algo q muda no caminho (ate ao sr da pedra), quer seja aquele riacho de esgoto quer seja o mar com menos rochas, o ceu mais limpo ou alguns predios novos q o desenvolvimento (ou o capitalismo) se lembrou de erguer...
Se a vida é uma caminhada smp constante, com tedio ou bolhas no pé ha q aprender a caminhar e olhar cm se aquele mar, q smp la esteve, q bate smp de igual forma na areia ou contra as rochas, fosse smp um novo mar a ditar um caminho q segue o passado em direcçao ao futuro... segue, guia e reconforta... (afinal as aguas do mar n batem duas vezes no mm pedaço de areia... era mau...as criancinhas n podiam fazer xiiiii...ai!)
Só espero q n t esqueças o q escreveste sobre o lado bom de continuar smp a caminhar... no matter what...
beijinhos pos mininos qq dia passo com mais temp... :o*